segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Pai


     O PAI


Oswaldo era o nome do meu pai e ele era uma pessoa generosa. Sua generosidade foi para mim, a melhor das lições de vida.
Procurava atender a toda família: seus filhos, seus netos e as duas bisnetas que ele conheceu. Estava sempre atento para ajudar, dentro das suas possibilidades, aos seus amigos e quem mais dele precisasse.
Socorria aos pobres em visitas, no trabalho voluntário que realizava na Sociedade de São Vicente de Paulo, na chamada “Conferência”. Era o nome dos grupos de vicentinos, em que se homenageavam os santos conhecidos: São Francisco Xavier, Beato Frederido Ozanan, o fundador dessa sociedade. Ele era vicentino com muito orgulho. São Vicente de Paulo é um santo de 1660, portanto completando mais de 350 anos, um santo que viveu para os pobres.
Na casa humilde do meu pai, havia sempre algo guardado, esperando para ser distribuído a quem necessitasse. Arrecadava com amigos e familiares, principalmente roupas e móveis que tinham então, um destino certo.
Era também, um exemplo de constância ao trabalho duro, sem esmorecer jamais.
Tinha uma disponibilidade perseverante para ajudar nos pequenos serviços ou consertos, às pessoas que a ele recorressem.
Sua fé era operante. Rezava com a família à noite, cantando conosco hinos religiosos que marcaram a minha infância.
Minha mãe e ele nos habituaram a lhes tomar a bênção, beijando suas mãos, quando saíamos ou chegávamos.
À noite, antes de dormir falávamos, já na cama: “A bênção, mãe! A bênção, pai!” Ao que eles nos respondiam com a fórmula usual para cada uma de nós duas irmãs, suas filhas: “Deus a abençoe!”.
Meu pai gostava de cantar, feliz, os sucessos do rádio dos anos 40 e 50. Não era tão afinado, mas nos dava prazer ouvi-lo.
Comprava jornais regularmente que me abriram o caminho e o gosto para a leitura. Tinha pouca escolaridade, mas muita sabedoria. Nesses jornais, conheci Nelson Rodrigues e as suas histórias de: “A Vida Como Ela É”. Talvez uma leitura não indicada para uma menina.
Meu pai era ágil. Andava depressa, mesmo com sua leve dificuldade de locomoção, que o identificava de longe, mancando, quando vinha para casa.
Era também, um tanto irreverente. Quando contrariado, recorria às palavras não tão “politicamente corretas”.
Era um hábito familiar da sua infância para expressar descontentamento. Mas não nos escandalizava. Não era para agredir. Era um desabafo.
Tinha sempre uma “frase feita” não publicável. Aliás, era uma coleção de frases engraçadas, perfeitas, que definiam exatamente as situações que o aborreciam.
Algumas falas eram repetidas em ocasiões apropriadas. Se falava de alguém que tinha feito algo errado, completava: “Deus que não me chame por testemunha!”
Se ouvia uma música no rádio e eram citados mais de dois compositores, dizia: “Tanta gente para fazer isso?”
Quando a nossa mãe recitava poesias ou cantava músicas ufanistas e patrióticas, ele nos repetia uns versos de “pés quebrados”, assim classificados por ele e não sabemos se eram mesmo da sua autoria: “Lá vem a lua saindo,/ redonda como um tamanco./ Me fizeram a cama curta,/ e eu dormi com o pé de fora.”
Nas longas conversas com os vizinhos nas noites quentes e enluaradas, em que podíamos ficar nos quintais, havia sempre alguém para contar histórias de assombrações, fantasmas, almas do outro mundo. Meu pai quebrava o clima concluindo: “Nunca se vê fantasmas ao meio dia na praça da Sé. Por que será?”
Ao se aborrecer com alguém, falava entre dentes, para si próprio: “Desculpa, por eu ter te aturado tanto tempo.”
Se alguns de nós perdêssemos algo ou uma oportunidade ele repetia sabiamente: “Deus tem mais para dar, do que já deu”, reavivando a confiança.
Nós éramos crianças, mas o observávamos atentamente.
Seus rompimentos de paradigmas, talvez tenham nos despertado para o espírito crítico, de não aceitar os fatos e ditos como eram apresentados. Mas só nos apercebemos disso muitos anos depois.
Sobre a família do meu pai tivemos poucas informações. Há dois anos conseguimos uma cópia de inteiro teor de sua certidão de nascimento, através do cartório postal.
Era “filho natural”, como se registrava no início do século XX e só nesta altura das nossas vidas, soubemos desse fato. Seus pais, eram solteiros conforme o descrito no documento. Ele contava pouca coisa de sua família e jamais quis retornar à sua cidade de origem, nem a passeio. Soubemos por sua certidão de nascimento os nomes dos nossos quatro bisavós paternos.
Da sua parte, tivemos dois tios: o Pedro e a Oswaldina. E somente a ela conhecemos, numa visita que nos fez, trazida nos anos 50, por dois dos seus filhos – o Mário e o Francisco, os únicos primos da parte paterna que nos visitaram.
Meu pai contava que nosso avô paterno era protestante, como se dizia então, e não “crente” ou “evangélico” como se diz atualmente.
Vinda da sua família, tínhamos em casa uma Bíblia protestante, na tradução até hoje conhecida de João Ferreira de Almeida.
Meu pai cantava um cântico religioso que nos ensinou e que também cantávamos:
“Tu, cujo amor em cânticos,/ Celebram sem cessar,/ O mundo dos espíritos, O céu, a terra, o mar./ Senhor, acolhe as súplicas,/ Dos pobres filhos teus./ Ilustra-nos, melhora-nos,/ Ampara-nos, ó Deus./ Nas trevas da ignorância,/ Não medra o santo amor,/ Ilustra-nos, melhora-nos,/ Senhor, Senhor, Senhor!”
Oswaldo e Diva, meus pais, casaram-se só no civil em 1938 em Itaboraí - RJ.
Contavam que na época do seu casamento não havia padre na capela do lugarejo.
Mais tarde, quando minha mãe insistia em se casar no religioso, ele falava: “Casa
sozinha!”
Foi difícil ser convencido a atender a minha mãe. Ela rezava muito, suplicava nas novenas, pedia ajuda às pessoas amigas, até que conseguiu com que ele se aproximasse da igreja.
Afinal o casamento religioso na Igreja Católica aconteceu em 1951 em São Paulo - SP.
Minha irmã e eu assistimos a esse casamento. Foi uma cerimônia simples à noite, depois das funções religiosas de costume, quando a igreja já estava praticamente vazia. Só estávamos nós, mais os seus padrinhos, que eram amigos de longa data e os filhos deles. Belas lembranças!
Desde então, meu pai começou a frequentar a igreja e a realizar seu trabalho de assistência aos pobres da Sociedade de São Vicente de Paulo.
Oswaldo, meu pai era uma pessoa que gostava de demonstrar apreço aos que o cercavam.
Eu já adulta, era elogiada: “Minha filha é ‘um-pé-de-boi’ para o trabalho!” E este foi o maior elogio que recebi na vida, porque veio dele, meu modelo.
Ele não está mais fisicamente conosco. Em 2010 completaria 100 anos. Faleceu aos 79 em 1989.
Teve uma rica história de vida que procuramos resgatar e registrar para o conhecimento dos seus descendentes. Uma bonita história real.
Rendo aqui, homenagem à pessoa generosa e correta que ele foi, um exemplo para os filhos, netos e mesmos os bisnetos que não o conheceram, ou que não se lembram mais dele, e todas as demais pessoas que com ele conviveram.
Em sua homenagem, deixo aqui esse registro.


Publicado no Volume XX:  "O Conto Brasileiro Hoje" - RG Editores - 2012 -
página 77.
Texto da minha autoria.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

OS POEMAS


Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

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Mário Quintana - página 106 - De "Quintana de Bolso"
L&PM POCKET -Reimpressão de 2012.
Ganhei este livro, hoje, de pessoa amiga, pelo meu
aniversário em 24/10.

Amo Mário Quintana! 
"Um livro fechado é um livro morto"
(desconheço autoria da citação)

ERA UMA VEZ...

Um bairro em formação,
Numa cidade importante
E eram os anos quarenta.
Luz nas casas, lampião
E lá fora a escuridão.
As ruas de terra nua.
A água do poço usada,
A muito custo puxada!

A vida não era fácil.
Mas, bela vegetação
Cortava os córregos límpidos.
E a menina gostava
De brincar no seu quintal
Com amiguinhas e irmã.
De casinha e de escolinha.
Na rua ir pular corda
E jogar amarelinha.

Ir à escola. uma aventura!
Andava-se longo tempo
Pelas trilhas ladeadas
De flores e de frutinhas.
Tudo era bem singelo:
Respirar a aragem pura,
E os cheiros bons que exalavam
Do campo fértil ao redor.

Irmã, menina e amiguinhas
Com seus uniformes pobres
Iam a outro bairro além
Pra escola que ali havia.
Paravam a meio caminho
Pra se juntar a outra amiga.

Esta era loura e linda
De uniforme impecável.
E a menina não sentia
O menor ressentimento,
E nem sequer percebia
Sua pobreza palpável.

Os dias de escoavam
E os anos se acumulavam.
A menina virou gente
E o bairro mui diferente.
Cresceram ambos, e a vida
Modificou-se também.

Hoje a menina saudosa,
Se lembra dos bons momentos.

E o bairro sempre formoso,
Chama-se VILA FORMOSA,
Na cidade de São Paulo.
E permanece, grandioso,
Dentro dos seus pensamentos
E no coração que diz:
Era uma vez...
Um tempo muito feliz!


Poesia de minha autoria  de 2005 - Postada em 21/11/2012
Para relembrar a infância na Vila Formosa dos anos 40.

Nazareth Lemos Maldonado Peres  (Facebook)
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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Aqui

Aqui
Nesta pedra
Alguém sentou
Olhando o mar

O mar
Não parou
Pra ser olhado

Foi mar
Pra tudo quanto é lado  



Paulo Leminsky
Coleção Melhores Poemas - Global Editora - página 44

domingo, 14 de outubro de 2012

Hino a Nossa Senhora de Nazaré

Vós sois o lírio mimoso 
Do mais suave perfume
Que ao lado do santo esposo 
A castidade resume.

Ó Virgem mãe amorosa
Fonte de amor e de fé
Dai-nos a bênção, bondosa
Senhora de Nazaré.

De vossos olhos o pranto
É como a gota de orvalho
Que dá beleza e encanto
À flor pendente do galho.

Se em vossos lábios divinos
Um doce riso desponta
Nos esplendores dos hinos
Nossa alma aos céus se levanta.

Vós sois a flor da inocência
Que nossa vida embalsama
Com suavíssima essência
Que sobre nós se derrama.

Quando na vida sofremos
A mais atroz amargura
De vossas mãos recebemos
A confortável doçura.

Vós sois a ridente aurora
De divinais esplendores
Que a luz da fé revigora
Nas almas dos pecadores.

Sede bendita, Senhora
Farol da eterna bonança
Nos altos céus onde mora
A luz da nossa esperança.

E lá da celeste altura
Do vosso trono de luz
Dai-nos a paz e ventura
Por vosso amado Jesus.

A letra deste hino é de Euclydes Faria, poeta maranhense, nascido em 14 de março de 1837. Foi cantado pela primeira vez em 24 de outubro de 1909 no lançamento da pedra fundamental da Basílica de Nazaré - Belém do Pará.
A partir deste momento, nunca mais foi esquecido.

2º domingo de outubro: Festa do Círio de Nazaré


Círio de Nazaré - CD 12023-5 - Paulinas /Comep


domingo, 19 de agosto de 2012

A Lua no Cinema

Paulo Leminsky (1944-1989) PR

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que quando se apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
Amanheça, por favor!

Coleção Melhores Poemas - Paulo Leminsky - Seleção de Fred Góes e Álvaro Marins -
página 121 - Global Editora - 6ª Edição - 2002 - 1ª Reimpressão 2005.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Variações sobre o mesmo tema - haicais

FOTOGRAFIAS

As fotos lançou,
Na correnteza.
Saudade, tristeza,

DESCOBERTA

Aos três descobriu:
"Avó, mãe da mãe!"
Contente ele sorriu.

PERFUME

Forte perfume,
Do frasco quebrado:
No ar dissipado.

AMOR

Sinto-me tão só.
Quero o teu amor,
E também o seu calor.

NOITE

Está escuro,
Noite fechada.
Quero a alvorada!

O CÃO

Olhei bem fundo
Nos olhos do cão.
Tremi na escuridão.

DESPEDIDAS

Sorrindo, chegou,
Partindo, chorou.
O amor se acabou.

Sorriu, chegando.
Partiu chorando.
O amor se acabando.

Chegou e sorriu.
Chorou e partiu.
Seu amor, não mais viu.

LAMENTO

"Não mais verei você!"
Foi um lamento.
"Dez anos... Muito tempo!"

Meus haicais, não rigorosamente dentro da métrica tradicional japonesa.
Em 2011

quarta-feira, 11 de julho de 2012

NAZARETH

Nasceu entre nós grande amizade
Alegria é o elo que nos une
Zen, somos zen, sim, continuamos zen na
Amizade, além do parentesco
Real que o sobrenome que temos reúne
E como aprecio sua dinâmica em congregar
Todos que de você se acercam
Hoje, ontem, para sempre, como Jesus pedia...


Do livro: "Pessoas, eternos presentes" de
 Maria Luiza  Lemos Ribeiro de Menezes.
Página 28 -
 Editado e Impresso pela Editora Nitpress-2012.
Com autorização da autora para postar neste blog.
 Obrigada,  Maria Luiza, prima querida!
Nazareth

PS. O livro é todo de poesias em acrósticos
 das pessoas  e instituições que lhe marcaram a vida.
Original e intimista.

sábado, 23 de junho de 2012

O relógio

"Diante de coisa tão doída
Conservemo-nos serenos

Cada minuto da vida
Nunca é mais, sempre é menos

Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser


Desde o instante em que se nasce
Já se começa a morrer."

Cassiano Ricardo

Um dos nomes da Semana de Arte Moderna de 1922,
que em fevereiro de 2012 completou 90 anos.
Foi nome importante no Movimento Verde-amarelismo,
dissidência da Semana de 22.
Depois, por divergências com Plínio Salgado, criador
do Partido Integralista, também se afastou desse movimento.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pega-pega

No meu quintal
Há um gato
E um pato.

Um persegue,
O outro foge.

Às vezes o gato erra o caminho
E não alcança o patinho.

Mas tanto insiste
Sem ficar triste,
Até que este gato
Alcança o pato
Afinal!


Para o meu neto Gabriel - 4 anos.
É referência à Oficina Internet de Criação de Game 2D.
SESC Belenzinho
Programa Scratch - Orientação de Francisco Arlindo Alves


Nazareth Peres
 Em 22/06/2012

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Discurso de Paraninfa da turma de 1983


  • CURSO DE MAGISTÉRIO DO COLÉGIO NOSSA SENHORA DO SAGRADO CORAÇÃO
  • DE VILA FORMOSA - SÃO PAULO - SP


  •        Poucas palavras posso dizer agora, porque já nos dissemos tudo o que deveríamos nos dizer nesses anos todos de convivência.
  •        Agradeço, primeiramente, a deferência por terem me convidado para paraninfar a sua formatura.
  •        Vou apenas, colocar para meditação, dois pensamentos de educadores (como não poderia deixar de ser):
  •        1- De nosso amigo Rousseau em EMÍLIO:
  •         "Na ordem natural, sendo os homens todos iguais, sua vocação comum é o estado de Homem; e quem quer que seja bem educado para esse, não pode desempenhar-se mal dos que com esses se relacionam.
  •        Que se destine meu aluno à carreira militar, à eclesiástica ou à advocacia, pouco importa. Antes da vocação dos pais, a natureza chama-o para a vida humana. VIVER é o ofício que lhe quero ensinar.
  •        Saindo das minhas mãos, ele não será, concordo, nem magistrado, nem soldado, nem padre. Será primeiramente, um HOMEM.
  •        Tudo o que um homem deve ser, ele o saberá, se necessário, tão bem quanto quem quer que seja;e por mais que o destino o faça mudar de situação, ele estará sempre em seu lugar."
  •        - De Gabriela Mistral - educadora chilena, e que norteou o nosso Plano de Curso no corrente ano:
  •        "Muitas coisas que necessitamos, podem esperar. A criança, não.
  •        AGORA é o momento em que seus ossos se formam, seu sangue se constitui, seus sentidos se desenvolvem.
  •        Não lhe podemos responder: AMANHÃ. Seu nome é HOJE."
  •        Quero frisar aqui, com vocês mais uma vez, essa preocupação com a criança - nosso material de trabalho. Ela é urgente. Ela é única. Ela é uma pessoa - cada um dos nossos alunos.
  •        Desejo-lhes felicidades e realização pessoal e profissional.
  •        Que você dignifiquem o nome da Escola em que se formaram, e se lembrem de mim, de vez em quando, com ternura.
  •        Eu vou me lembrar de vocês!
  •        Parabéns, colegas!


  •            Nazareth Lemos Maldonado Peres  -  Por várias vezes fui paraninfa do Curso do Magistério desse Colégio, mas só guardei este meu discurso, ou pelo menos, foi o único que encontrei entre os meus guardados.


Simplórios versos de amor

Estou muito apaixonado.
Como arde o coração!
Mas estou desesperado.
Sofrendo na solidão.

        E o meu imenso amor
        Que não fez por merecer
        A linda e ingrata flor,
        Resolveu me esquecer.

Na nossa casa o perfume
Ainda resta tão forte!
Não mais forte que o ciúme!

        Este ciúme me mata
       Tão triste, pior que a morte.
       Como ela me maltrata!



 Poesia "de brincadeira": simples, para rimar amor e dor,
 perfume e ciúme, coração e solidão.
 Bem óbvio!




Nazareth Peres - maio /2012
   


sexta-feira, 18 de maio de 2012

CÉU DE INVERNO

É dia.
No céu sem nuvens,
O sol tépido espreita majestoso,
No amplo e claro azul.
Tudo tão belo!
Mas, não quero nem imaginar,
A poluição que está presente
Sobre a minha grande e movimentada
Cidade.

                                É noite.
                                No céu sem nuvens,
                                A lua cheia reina absoluta,
                                No profundo e escuro azul.
                                Tudo tão belo!
                                Que histórias de amores e desamores,
                                Vivem as pessoas
                                 Na minha, quase toda adormecida,
                                 Cidade?



Nazareth Peres - junho/2010

quinta-feira, 17 de maio de 2012

"REMENDOS"

" Nosso vaso era uma joia
Peça rara que se partiu.
Antes de amor repleto
Mas ao quebrar-se: vazio.

Em lamentos,
Viajei com o vento
Através do espaço
No intento
De juntar pedaços e,
Remendar; nosso vaso.

Busquei tudo.
Até mesmo estilhaços.
Mas restaram poucos traços,
Do vaso que se partiu.
Montei algumas partes,
De outras, parte sumiu.

Partes desencontradas
Do amor e antiga paixão
Ficaram desconectadas.
Destarte vi, era tarde...
Não se remenda emoção..."

Marilena Corsetti - página 41
Ofícios e Artifícios da Academia Peruibense de Letras -
Vol.III: Realidades e Fantasias.
São Paulo: All Print Editora, 2011

segunda-feira, 14 de maio de 2012

TEREZINHA MARIA

Você foi desejada.
Esperada com amor.

Nos tempos em que 
Não havia ultrassom,
Foi a surpresa 
Ao nascer.

"Uma linda menina!"
Informou a parteira
E o coração da mãe
Encheu-se de alegria!

Ramon, o pai,
Só a viu no dia seguinte.
Tempos difíceis!
Controle das visitas
Na maternidade.

Primeira filha e
Do lado materno,
A primeira neta
Dos avós Oswaldo e Diva.
O avô paterno - vô Antônio,
Foi o único que a chamou de
Terezinha Maria.
Primeira sobrinha do Francisco,
E da tia Nazarina, também sua madrinha.

Linda! Sempre linda!
Olhos azuis,
Pele e cabelos claros.

Logo começou a conviver
Com um irmão e uma irmã.

Cresceu e se desenvolveu 
Em inteligência e graça.

Estudou, namorou, casou-se.
Deu aos pais, três netos.

Profissão?
Auto profecia:
Magistério!
Uma carreira conseguida
No domínio das dificuldades,
Chegando onde 
Pretendeu chegar.

Aníbal, o marido aos seu lado. 
Rodeada dos filhos:
Luíza, César e Víctor,
E dos irmãos:
Henrique e Ana Lúcia,
Mais a mãe presente.
E ainda os cunhados e cunhadas:
Cláudio, Lauro, Ailton,
Tânia, Magali e Maria Luíza.

E os muitos tios e tias,
Primos e primas,
Sobrinhos e sobrinhas, 
Numa grande família festeira,
A qual se somam
Os amigos  e as amigas.

No decorrer do tempo,
Repartiu com os seus,
As dores e perdas,
As alegrias e conquistas.

Manifestou o desejo 
De se tornar um dia,
Nome de Escola!
Diz que, quando os aluninhos
Aprenderem a escrever seu nome,
Estarão alfabetizados!

Uma vida produtiva
Com a perspectiva 
De novas atividades,
Quando se tornar
Uma "dinossaura".
(Ela sabe o que é isso...)

Minha bela filha!
Deus a abençoe
E a acompanhe sempre.
Seja feliz!
Nós amamos você!

TEREZINHA MARIA MALDONADO PERES QUAGLIO
50 ANOS EM 04/05/2012!

Com todo o amor, de sua mãe
Nazareth Lemos Maldonado Peres





domingo, 13 de maio de 2012

"Violeiro"

     "Morrer cantando não é para qualquer vivente. Violeiro que assim vai deixa rastro de aura num jardim, onde em findas tardes de outono se ouve ou se desenha uma canção.
     Fantasma diurno, fantasma de luz contra o sol que se esvai, ressurge o Violeiro, saudoso dos prazeres dessa vidinha à-toa. Não traz correntes, mas gemidos. De pura preguiça e amor.
     A amada? Casou faz tempo. Mas em tardes assim se arrepia, se tranca no quarto, solta os cabelos todos, põe camisola de seda, alisa as penas da passarinha e relembra o que já não há.
     Dia seguinte, volta a amada aos trilhos e o Violeiro ao canto dos que assim se arrematam, espocando como cigarras ou ousando serenatas no terreno proibido que às vezes é o jardim de uma flor que já tem dono."


  do livro: "Volições" de Yara Camillo - página 151 - Massao Ohno Editor - 2007.
(Volições: atos que determinam a vontade)

Participei de um Laboratório de Literatura no SESC Belenzinho - abril/maio/2012 com Yara Camillo sobre a semana de 22.

Considero este texto como poético. Uma poesia em prosa.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O PRESENTE

           I
De louça. as faces lisinhas
E de algodão recheados:
Dois "bebês", pras irmãzinhas,
Com amor presenteados.

                                        II
                     Um dia, lhes foram dados
                     Pela amiga carinhosa.
                     E, na antiga fotografia,
                     Pra sempre imortalizados.

           III
Oh! Que cheirinho tão bom,
Do presente tão novinho.
Parecia o "pompom!
De um gostoso talquinho.

                                     IV
                     Um, Luís Carlos chamou-se    
                     E o nome lhe caiu bem!
                     E, Nelson, denominou-se
                     O outro lindo "neném"!

             V
E, guardados na memória,
Recordam as menininhas:
São partes de sua história,
Quando bem pequenininhas.

                                   VI
                     Nazareth e Nazarina,
                     Foram muito abençoadas,
                     E o amor que as ilumina,
                     Brilha nas suas mãos dadas.



Lembrando de um tempo feliz, em que os pequenos gestos
 e os pequenos presentes, dados com amor,
 nos alegraram para sempre!

(Para não esquecer de Hildegard Baloch Rosa, seus presentes,
seus bolos simples nos nossos aniversários.
Não se cantava "Parabéns a você", porque ainda não era costume.
 Lembra?)


Nazarina: Parabéns pelos seus 70 anos!

Muita felicidade e amor para você,
 rodeada da nossa grande família festeira - os PEREZ/PERES,
 e mais, todos os nossos amigos.


"Eu vim de longe pra encontrar o meu caminho.
Tinha o sorriso e o sorriso não valia.
Achei difícil a viagem até aqui.
Mas eu cheguei, Mas eu cheguei!"
  CHEGAMOS!
                            (canto do romeiro)


Sua irmã: Nazareth
Eu 17/10/2010









terça-feira, 24 de abril de 2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Limeriques - EU

I
O meu nome é Gabriel
Sou um amigo fiel.
Caí, quebrei meu bracinho,
Fiquei então bem tristinho.
Eu me chamo Gabriel.

II
O meu cachorro é o Kirk.
Vou fazer-lhe um limerique.
O cão é muito mansinho
Ele é tão bonitinho.
E o meu tio é o Henrique.

III
Bem cedo vou pra escola,
Com livro, tesoura e cola.
Eu gosto do meu amigo
Que estuda junto comigo.
Se caio o joelho esfola.

IV
Eu tenho um irmão mocinho
Que me tem muito carinho.
Nas minhas lições ajuda
E em mim ele se gruda.
Eu sou um irmão bonzinho.

V
Na minha folha rabisco.
Reparto com grande risco.
Eu faço um lindo desenho
Com os lápis que eu tenho.
Desenhando eu nem pisco.

VI
Eu tenho um montão de primos
Quando juntos, sempre rimos
Contando muitas histórias,
Muitas cheias de vitórias
Nos brinquedos nós caímos.

VII
Eu amo a internete
Pra encontrar um pivete
Que é meu amigo do peito.
Brincando fico sem jeito,
Vou mastigando chiclete.


Limerique - poesia com 5 versos, rimando: (a-b-e)  (c-d).
É um poema divertido, sem muito sentido.  O último verso remete ao 1º.
Em março 2012 - para o meu neto Gabriel que completará 4 anos em 28/4/2012.

terça-feira, 20 de março de 2012

PRECE

"Sursum Corda" - Corações ao Alto!



Corpo e alma
Prostrados
Aos pés
Da Virgem Maria.

O coração ao alto,
Cheio de fé,
De amor,
Para rezar
E agradecer,
Pedir, 
Agradecer.


Nazareth Peres
Visita em 17/01/2012 à Basílica de Aparecida - SP - 
A casa da Mãe.

domingo, 18 de março de 2012

Autorretrato

Do alto dos meus
Setenta anos,
Revejo os fatos
Que marcaram
A minha vida.

Fui a primeira filha,
Alfabetizada pela mãe.
O pai, tão simples quanto ela,
Comprava jornais
Que eu lia com prazer.

Tive ímpetos de independência
Aos onze anos:
Queria morar sozinha,
Para poder fazer
O que quisesse,
Quando quisesse.

Tenho uma irmã
E bem mais tarde,
Um irmão.

Nas brincadeiras infantis
Eu era a líder
Que levava o grupo
Para onde eu queria.

Depois, a escola.
A igreja do bairro,
Que nos proporcionou
Entre outras coisas,
Uma sala de leitura
Com escolhas diversas.
Uma visão além do tempo,
Dos padres holandeses
Com quem convivemos.

Chegou a adolescência,
E o Curso Normal
Para Formação de Professoras.
Não havia outra opção
Para as mocinhas
Dos anos cinquenta.

Em seguida:
O casamento, os filhos,
O trabalho no magistério.
Alcancei tudo a que me propus
Na profissão e na vida.

Sou hoje,
Como sempre fui.
Eu me defino:
Uma qualidade - persistência.
Um defeito - teimosia.
Essas são as minhas marcas.

Os que me amam,
Dizem que sou agregadora.
Mas há quem me julga ser
Controladora.

Na vida atual
Com filhos e netos,
Genros e nora,
Numa grande família.
O marido partiu
Muito cedo
Para a Casa do Pai.

Eu me sinto bem
Ao recordar as boas coisas
E considerar irrelevantes
Os maus momentos,
Transformando-os
Em aprendizagem.

Meu lema, copiei
De uma autora dinamarquesa:
"Existe em mim,
Uma menina,
Que se recusa a morrer."

Como esse autorretrato
Se assemelha a um necrológio!
Mas é como quero
Que se lembrem de mim,
Os que me amaram.


Nazareth Peres
Oficina de Literatura  - Poesia - com Heitor Ferraz Mello
SESC Belenzinho - nov/dez/2011

segunda-feira, 12 de março de 2012

"Autorretrato"

"A guerra dos cinquenta
está sendo travada no teu rosto.
Reconhece o primitivo traçado?
Forças de ocupação abrem trincheiras, armam emboscadas.
Facções antagônicas avançam sobre tua face,
bloqueiam as principais artérias,
praticam pequenos furtos:
molar, miopia, pai, memória.
Há anos bombardeiam
feridas mal curadas,
desembarcam camufladas
nas praias minadas do sonho.
O combate se desenrola diante dos teus olhos.
Na vala comum do espelho
resta uma sensação incômoda:
a vida é colaboracionista."


Augusto Massi  - Ilustração de Waltércio Caldas -
Caderno Ilustríssima, página 8 da Folha de São Paulo.
Domingo, 11 de março de 2012.

sábado, 10 de março de 2012

Pré-natal

A gestante acorda encharcada
E pensa:
"O que está acontecendo?"

Levanta-se assustada,
E percebe estar envolvida
No sangue vivo da hemorragia.

Alvoroço familiar,
O socorro,
A maternidade.

Prematuridade!
Quem era uma esperança,
Aos quatro dias de vida,
Torna-se saudade.

Janeiro/2012 - Nazareth Peres

domingo, 4 de março de 2012

O temporal

É verão.
Ela vem caminhando
Descalça pela rua de terra.
Olha o casario simples
Rodeado pelo mato.

Ela volta para casa
Toda contente.
Percebe ao longe
O temporal que se aproxima,
Quase inesperado.

Parece uma cortina
Que vem compacta,
Para envolvê-la.

Os primeiros grossos pingos
Da chuva de verão
A atingem.

Logo, ela está toda molhada.
Não tem pressa.
Não corre.
Ergue, feliz, o rosto e as mãos
Para a chuva refrescante.

Seu vestido de algodão
Se cola ao corpo de menina.
E ela caminha firme
Até a sua casa.

A mãe a espera
Com um banho quente na bacia.

Veste uma roupa seca.
Toma um copo de leite morno,
E se recompõe.
Como é bom viver!



Nazareth Peres
08/01/2012

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mãos Diferentes

Muitas palavras podemos dizer sobre as mãos.
Há mãos que afagam e que machucam.
Mãos que doam e mãos que tiram.
Há as sedosas e as calosas.
As bem cuidadas e as maltratadas pelo trabalho ou pelo tempo.
As escorregadias que percebemos como que de pessoas falsas.
As suadas, que para nós são desconfortáveis se as tocamos.
Mãos de idoso que o filho fotografou, refletindo que na infância teve muito
medo delas, e que agora são inofensivas.
Mãos do tetraplégico, que nos acanhamos em tocar, porque não podem
corresponder ao nosso toque.
Mãos que ignoram a mão estendida para o cumprimento, ou que somos obrigados,
pela circunstância, a tocar contra a nossa vontade.
Mãos frias ou quentes transmitindo emoções humanas,
que só nós, humanos, podemos sentir ou descrever.
As benditas mãos do cirurgião, que um dia pedi a Deus que as abençoassem,
num agradecimento pessoal, e que o médico à minha frente,
olhou para as suas próprias mãos,
como se nunca tivesse pensado nessa bênção.
E esse gesto, jamais esqueci.

Nazareth Peres

Texto proposto na Oficina: Laboratório de Escrita e Poéticas. A hora do Conto.
SESC Belenzinho - maio/2011 - Orientador: João Anzanello Carrascozza.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Importante é ser Fevereiro - música

O Importante é ser Fevereiro
(Wando e Nilo Amaro)
Extraído do site: www.vagalume.com.br

"Vem, amor,
Enxugue as lágrimas dos olhos seus.
Deixe o passado, pelo amor de Deus!
Tristeza aqui, não tem lugar.
Pra que chorar?

Olha, amor,
A praça toda iluminada
Tem tanta gente nas calçadas,
Meu bloco tem que desfilar.

O importante é ser fevereiro
E ter carnaval pra gente sambar!

O importante é ser fevereiro
E ter carnaval pra gente sambar!"

"Ciências Humanas" - música

"Hoje eu não vou nem me preocupar
            Com planos que fiz por fazer
                Só quero andar com você
                        Em qualquer calçada
                   Do lado onde bata o sol

            Quero separar só o essencial
                         Amigos, justiça, suor
          Não tenho tesouros para achar
                                Aqui é o destino
                      Fique comigo se quiser
                         Quero clareza de ver
                 Um bom lugar para morar"


Parte da música : "Ciências Humanas" de Luiz Carlos Lopes - poeta, jornalista, escritor,
 e seu primo Eduardo Gomes.
Transcrito da apresentação de tese de doutorado (Doutor em Ciências) - USP -
 Farmácia e Bioquímica - de Carmem Maldonado Peres - 2001

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O GALO DAS MADRUGADAS

Pontualmente,
Às cinco horas
Sou despertada,
Todos os dias.

Não sei
O que faz a vizinha,
Manter no seu quintal
De oito metros quadrados,
Um galo madrugador.

Talvez saudade de outros tempos,
Da casa no meio do campo,
Das galinhas ciscando no terreiro,
Dos pintinhos piando
À volta delas,
E do galo soberbo,
Senhor absoluto do ambiente.

Moro numa praça urbana
Perto do centro da cidade.
As casas estão lado a lado
Sem terrenos vazios entre elas.

Há uns três meses
O galo da vizinha
Me atormenta,
A mim e à vizinhança.

O canto estridente
Se repete a tempos regulares,
Todas as madrugadas.

Incomoda a todos nós,
Que não tivemos ainda
A coragem
De chegar até a dona da ave
E lhe cobrar uma solução.

Quem poderia imaginar
Viver esse drama citadino
Nos dias de hoje
E difícil de resolver?


Nazareth Peres
Oficina de Literatura - Poesia - Com Heitor Ferraz de Mello
SESC Belenzinho - nov/dez/2011

sábado, 28 de janeiro de 2012

O medo

Por que o medo nos assombra?
Da infância à velhice
Nos acompanha.

Deveríamos nos acostumar ao medo,
E assim dominar o seu segredo.

Em nossa vida, desde a meninice,
O medo do novo é natural.
Tememos também o desconhecido,
A primeira vez de tudo e o inusual.

O medo nos paralisa e a nossa alma arranha.
Surgindo no horizonte qual uma sombra.

Mas, a vida nos ensina a lidar com o medo.
Os bons momentos sempre vencem os maus.

Os belos sonhos nos conduzem adiante:
A noite terminada, o dia amanhecido
Derrotando o medo, esse falso gigante.

maio/2011

sábado, 7 de janeiro de 2012

Os cães

O olhar triste
Do cão amarrado, tolhido,
Me diz que quer sair correndo,
Livre para seguir os seus instintos.

E eu não posso atendê-lo.
Que pena!

O olhar atendo do outro cão
Diz que me ama.

Assim percebo
Essa comunicação.

Entretanto,
Não gosto de fixar
Os olhos dos cães.
Me perco na escuridão do seu olhar,
Misterioso para mim.

Sinto
Que não é como o olhar humano,
Em que se percebe sempre algo mais,
E que pensamos poder chegar
Ao íntimo do outro.

Mesmo assim,
Amo os cães!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Guardados

Olhei as prateleiras mais altas
da minha despensa,
como olhei ontem
e em muitos e muitos dias mais.

Sei que preciso
organizar os guardados,
que pelo menos,
há uns dez anos,
neles não mexo.

Digo a mim mesma:
"Coragem!"
E então tiro um dia
para essa tarefa.
Com a presença
providencial
da minha ajudante,
começo a remexer tudo.

Minha ajudante e eu,
vamos descartando uns
e guardando de novo
outros objetos.

Então, pego uma chaleira.
É de alumínio e não é nova.
Eu nunca a usei, tenho certeza.
Por que a guardei?
Quem me deu?
Não me lembro.

A chaleira não tem uma história,
não me diz nada.
Mas, eu a tomo
e a coloco em uso
daqui por diante.

Nazareth Peres
Oficina de Literatura - Poesia -  com Heitor Ferraz de Mello - SESC Belenzinho - nov/dez/2011