sábado, 28 de janeiro de 2012

O medo

Por que o medo nos assombra?
Da infância à velhice
Nos acompanha.

Deveríamos nos acostumar ao medo,
E assim dominar o seu segredo.

Em nossa vida, desde a meninice,
O medo do novo é natural.
Tememos também o desconhecido,
A primeira vez de tudo e o inusual.

O medo nos paralisa e a nossa alma arranha.
Surgindo no horizonte qual uma sombra.

Mas, a vida nos ensina a lidar com o medo.
Os bons momentos sempre vencem os maus.

Os belos sonhos nos conduzem adiante:
A noite terminada, o dia amanhecido
Derrotando o medo, esse falso gigante.

maio/2011

sábado, 7 de janeiro de 2012

Os cães

O olhar triste
Do cão amarrado, tolhido,
Me diz que quer sair correndo,
Livre para seguir os seus instintos.

E eu não posso atendê-lo.
Que pena!

O olhar atendo do outro cão
Diz que me ama.

Assim percebo
Essa comunicação.

Entretanto,
Não gosto de fixar
Os olhos dos cães.
Me perco na escuridão do seu olhar,
Misterioso para mim.

Sinto
Que não é como o olhar humano,
Em que se percebe sempre algo mais,
E que pensamos poder chegar
Ao íntimo do outro.

Mesmo assim,
Amo os cães!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Guardados

Olhei as prateleiras mais altas
da minha despensa,
como olhei ontem
e em muitos e muitos dias mais.

Sei que preciso
organizar os guardados,
que pelo menos,
há uns dez anos,
neles não mexo.

Digo a mim mesma:
"Coragem!"
E então tiro um dia
para essa tarefa.
Com a presença
providencial
da minha ajudante,
começo a remexer tudo.

Minha ajudante e eu,
vamos descartando uns
e guardando de novo
outros objetos.

Então, pego uma chaleira.
É de alumínio e não é nova.
Eu nunca a usei, tenho certeza.
Por que a guardei?
Quem me deu?
Não me lembro.

A chaleira não tem uma história,
não me diz nada.
Mas, eu a tomo
e a coloco em uso
daqui por diante.

Nazareth Peres
Oficina de Literatura - Poesia -  com Heitor Ferraz de Mello - SESC Belenzinho - nov/dez/2011