APRESENTAÇÃO -
MINHA MEMÓRIA ESCRITA E ILUSTRADA
Estou apresentando o colega
Francisco Arlindo Alves.
Ele tem 39 anos, mora no Parque
do Carmo, em São Paulo.
É designer e trabalha no SESC
Belenzinho.
Em 09/08/2011.
Meu nome é Nazareth Peres
(palavras chave):
nascimento - sítio - batizado -
pais - padrinhos - avós - tios - primos - viagem - cidade
Nasci em
Itaboraí - em 1938, no RJ. Era um
vilarejo chamado Venda das Pedras, perto do sítio Mutuapira.
Esse sítio era
dos meus tios que foram tutores da minha
mãe.
Não conheci
nenhum dos meus quatro avós. Eles morreram antes dos meus pais se
casarem.
Aos três meses
fui batizada na igrejinha da vila.
Meus padrinhos
foram um casal de irmãos, Maria e José. Ele eram amigos da minha mãe. O
padrinho, vi um só vez. E a madrinha, nunca vi.
Meus pais
resolveram vir para São Paulo logo após o meu batizado. Só voltei à minha
cidade aos 25 anos. Lá ficaram tios e primos que só de vez em quando nos
visitavam.
Meus irmãos
nasceram em São Paulo: Uma irmã, dois anos mais nova que eu e o irmão, quando
eu tinha 16 anos.
Sítio Mutuapira da Tia Lúcia e
tio Eugênio, perto de Venda das Pedras - Itaboraí - RJ,onde eu nasci em 1938.
Nos morros, o laranjal dos tios, seu sustento, sua riqueza.
Casa da Tia Lúcia e Tio Eugênio
no sítio Mutuapira - perto de Venda Das Pedras -
Itaboraí - RJ. Na placa em cima da janela está escrito: ”LAR
DE LÚCIA - 1941”
A casa continua a mesma. Nela
moram uma das primas e seu filho.
MAPA de Itaboraí - RJ - retirado
do site:http://www.cidades.com.br/cidade/itaborai/003212.html
Localização de Itaboraí no mapa
do Estado do Rio de Janeiro.
O nome indígena Itaborai,
significa: PEDRA BONITA ESCONDIDA NA ÁGUA.
Fundação da cidade: 1696.
Data comemorativa da cidade: 22
de maio.
Emancipação: há 178 anos.
Itaboraiense ilustre: JOAQUIM
MANUEL DE MACEDO escritor do romance: “A
MORENINHA”.
O padroeiro da cidade é São João
Batista.
Itaboraí produz cerâmica, entre
outras indústrias.
Meu avô
materno Francisco com seu irmão Joaquim, tinha uma olaria no início do século
XX.
Eles produziam
telhas e tijolos e vasos ornamentais.
Itaboraí
também foi a terra da laranja. Meus tios Lúcia e Eugênio viveram da plantação
no enorme laranjal em Mutuapira.
A cidade de Itaboraí - RJ, no ano
de 2011, está muito diferente da que era no ano em que nasci.
Há muitos prédios na zona urbana
e na zona rural, muitos sítios foram loteados e se tornaram bairros.
Em Itaboraí
está sendo implantado o Complexo Petroquímico.
CAUSOS E TRAVESSURAS
Quando éramos
crianças, morávamos na Vila Formosa (1945). Era um loteamento novo.
Íamos com meu
pai, buscar varetas dos arbustos ao redor, para cercar nosso terreno que tinha
12m por 50m.
A cerca era
com arame farpado e nela eram amarrados com cipós, as varetas. Uma cerca muito
diferente.
Em 1949 foi
inaugurado o cemitério da Vila Formosa. Enquanto era construído, íamos brincar
de escorregador, nos enormes montes de terra que as máquinas de terraplanagem
formavam.
Era
emocionante, despencar lá do alto! Ficávamos imundas de terra vermelha. Mas era
tão bom! Parecia uma montanha russa.
Minha irmã Nazarina aos três anos
e eu, aos cinco anos.
Uma pose bem estudada num estúdio
fotográfico. Que chique!
BRINCADEIRAS
Brincávamos
nos quintais, de casinha com as bonecas. Na rua, brincávamos de roda e de pular
corda. Eu gostava de brincar de escolinha, em que eu era sempre a professora, porque
era a mais velha da turma.
Na brincadeira
de pular corda, fazíamos o “SALADA,
SALADINHA”:
Uma
criança pulava, enquanto duas “batiam” a corda. O grupo ficava esperando sua
vez, e cantava:
“Salada,
saladinha,
bem
temperadinha.
Vinagre,
azeite e sal”.
Depois se
começa a contagem de 1 - 2 - 3 - 4- …..até 100, ou até a criança errar ou
cansar.
Na contagem, a
batida da corda é acelerada.
Quando a
criança erra, sai da corda, dando vez a outra.
Na brincadeira
SOZINHA, a criança pula ela mesmo batendo a corda e não tem tempo para
terminar. É uma brincadeira isolada. (O desenho fiz no paint brush com a ajuda
do Gustavo).
Em
2010, comecei inspirada e fiz para os meus netos uns versos falando das minhas
brincadeiras:
BRINCADEIRAS
I II
Velho balanço
da infância, Pular
a corda e rodar,
Singelo e
simples brinquedo. Nas brincadeiras de rua.
Quanta alegria
me deste Adultos
a conversar,
À sombra do
arvoredo. Por
vezes, à luz da lua.
III IV
À vizinhança,
juntar-se, Brincadeiras
inocentes,
As crianças
vão brincando. Que
não mais se reconhecem,
Das tradições,
relembrar-se, Hoje
não estão presentes,
E o tempo vai
passando... E
nunca mais acontecem!
FESTAS INFANTÍS
I II
Batizados de
bonecas, Às
bonecas dar um nome,
Ó que linda
tradição! Escolhido
com carinho,
Juntar-se aos
amiguinhos, Na
festa aplacar a fome,
Para a
celebração. Com
um gostoso bolinho.
III
A limonada e
os doces,
Mães vão
providenciar,
E alegres,
essas crianças,
Passam a
tarde a brincar!
Como não tenho
uma foto boa, minha com boneca, coloco aqui essa foto do Natal de 1969:
Minha mãe
Diva, minhas filhas Terezinha e Ana Lúcia, meu sobrinho Edson e meu filho
Henrique e os brinquedos que eles ganharam nesse dia. Não são lindos, todos
eles?
CANTIGAS DE RODA INFANTIL -
CIRANDAS.
As cantigas de
roda brasileiras, têm origem europeia e se tornaram folclóricas, de autoria
anônima, e constantemente modificadas. São chamadas também de cirandas.
CAPELINHA DE MELÂO
Capelinha de melão
É de São João.
é de cravo, é de rosa,
É de manjericão.
São João está dormindo,
Não acorde não!
Acordai, acordai,
Acordai, João!
A CANOA VIROU
A canoa virou,
Por deixá-la virar.
Foi por causa de fulana,
Que não soube remar.
Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar,
Eu tirava a fulana
Do fundo do mar.
Siriri prá cá,
Siriri prá lá
Fulana é bela
E quer quer casar.
COMIDAS E RECEITAS
GALINHA
AO MOLHO PARDO
Na minha infância as comidas eram
caseiras de verdade:
Arroz, feijão, legumes, verduras. As carnes, na maioria das
vezes eram de frangos, galinhas, ou galo. Minha mãe criava as aves no quintal e
depois as abatia para nosso consumo.
Para abater as aves, podemos considerar hoje em dia, o
método era, talvez, cruel. A galinha escolhida, era presa pelas asas e os pés,
nos pés da minha mãe que estava sentada num banquinho baixo.
Ela depenava o pescoço da ave, segurando sua cabeça. Então
era cortado o pescoço da galinha. O sangue que jorrava era recolhido numa
xícara com vinagre para não coagular. Depois de morta, a galinha era depenada
em água fervente. Totalmente limpa e cortada em pedaços, era cozida. O sangue
era misturado na panela, depois do cozimento.
Esta é a receita da GALINHA AO
MOLHO PARDO.
A galinha fica de cor marrom pelo sangue que é colocado
e um tempo cozido junto.
É uma delícia!
Só que hoje em dia, ninguém mais
mata galinha assim e recolhe seu sangue para fazer esse prato saboroso.
SOBREMESAS
BANANA COZIDA
Duas bananas nanicas muito bem
lavadas. Elas não podem estar totalmente maduras.
Devem ter os cabos inteiros. Não
pode ser despencada.
São colocadas numa panela, com
água que as cobre totalmente.
Cozinha-se nessa água por uns
minutos, até as cascas se romperem.
Escorre-se a água, colocam-se as
bananas descascadas num prato.
Amassar com um garfo, colocar
açúcar e canela em pó e comer ainda quente.
Essa receita dá para fazer e é
muito boa mesmo!
Hum!!!
DITOS POPULARES
Os ditos
populares nos ensinam a sabedoria popular que vem se passando, oralmente, para as gerações mais
novas:
“Quem com
ferro fere, com ferro será ferido”: Se você atinge uma pessoa e a prejudica, da
mesma forma, será atingido.
“Olho por olho, dente por dente”: Esse é muito antigo. Já nos
Evangelhos, Jesus ensinou que os antigos falavam assim, mas Ele determinou que façamos
o bem a qume nos faz o mal.
“Formiga quando quer se perder,
cria asa”: Se você se arrisca onde não deve, vai ter dificuldades e se sairá
mal, com certeza.
“Anda com os bons e serás um
deles”: Você deve escolher sempre a boas companhias, para não errar.
MÚSICAS DO RÁDIO OUVIDAS NA
INFÂNCIA
AVE
MARIA NO MORRO
De
Herivelto Martins - gravação de Dalva de Oliviera - 1942
Barracão de zinco sem telhado,
Sem pintura, lá no morro.
Barracão é bangalô.
Lá não existe felicidade de
arranhacéu,
Pois quem mora lá no morro
Já vive pertinho do céu.
Tem alvorada, tem passarada
Ao alvorecer.
Sinfonia de pardais,
Anunciando o anoitecer.
E o morro inteiro, no fim do dia,
Reza uma prece: Ave Maria!
Minha mãe tinha a voz linda e
gostava de cantar essa música. Depois eu cantei muito, também
NORMALISTA
de Benedito Lacerda e David Nasser
Gravação de
Nelson Gonçalves - 1949
Vestida de
azul e branco
Trazendo o
sorriso franco,
No rostinho
encantador.
Minha linda
normalista,
Rapidamente
conquista,
Meu coração
sem amor.
Eu que trazia
fechado
Dentro do
peito guardado,
Um coração
sofredor.
Estou bastante
inclinado
A entregá-lo
ao cuidado
Daquele
brotinho em flor.
Mas a
normalista linda,
Não pode casar
ainda.
Só depois de
se formar.
Eu estou
apaixonado
O pai da moça
é zangado,
E o remédio é
esperar.
Eu me formei
normalista em 1959 e essa musica ainda fazia sucesso.
Minha mãe e
minha irmã, cantavam para brincar comigo, que esperei a formatura para me casar
em 25/01/1960 com o Ramon, o primeiro namorado.
A normalista
era a que se formava professora primária. Dava aulas de 1ª a 4ª séries, para os
alunos entre sete e onze anos.
Oficina Internet Belenzinho com Francisco Arlindo Alves e João Cotrim em 2011.
"Oficina Minha Memória Escrita e Ilustrada"