MÃOS
DIFERENTES
Muitas
palavras podemos dizer sobre as mãos.
Há
mãos que afagam e que machucam.
Mãos
que doam e mãos que tiram.
Há
as sedosas e as calosas.
As
bem cuidadas
e
as maltratadas pelo trabalho ou pelo tempo.
As
escorregadias que percebemos
como que de pessoas falsas.
As
suadas, que para nós
são desconfortáveis se as tocamos.
Mãos
de um idoso que o filho fotografou,
refletindo que, na infância, teve
muito medo delas
e
que agora são inofensivas.
Mãos
do tetraplégico,
que
nos acanhamos em tocar,
porque
não podem corresponder ao nosso toque.
Mãos
que ignoram a mão estendida
para o cumprimento,
ou
que somos obrigados,
pela circunstância,
a
tocar contra nossa vontade.
Mãos
frias ou quentes,
transmitindo
expressões humanas
que só nós podemos sentir ou
descrever.
As
benditas mãos do cirurgião
que um dia pedi a Deus que as
abençoasse,
num agradecimento pessoal
e que o médico à minha frente,
olhou para as suas próprias mãos,
como se nunca tivesse pensado nessa
bênção.
E esse gesto jamais esqueci!
Nazareth
Peres
Texto
proposto na Oficina: Laboratório de Escrita e Poéticas: A Hora do Conto.
SESC
Belenzinho - maio/2011
João
Anzanello Carrascozza