A
ROSA
Era o domingo do dia das mães.
Como de costume, depois da missa, as crianças dirigidas por suas
catequistas, subiram ao altar carregando rosas vermelhas nas mãos.
Cantaram uma música alusiva à data.
Houve um pequeno discurso meio atropelado, lido por uma menina
ofegante.
Apresentou-se um jogral, como sempre, um pequeno grupo de crianças
dizendo frases bonitas em que se ouvia indistintamente as palavras:
mãe - homenagem - carinho - amor - felicidade - parabéns.
Eu sempre me questiono: “porque não ensaiam um grande grupo de
crianças que falem umas cinco de cada vez, pausadamente, para poder
se entender o que dizem”?
É sempre a mesma coisa. Mas as mães e seus filhos se dão por
satisfeitos com o cerimonial singelo.
As mães presentes são então chamadas ao altar pera receber uma
rosa, como sinal de amor e agradecimento. É tudo muito emocionante.
Eu estava no banco da igreja ao lado de uma mulher que eu não
conhecia.
Levantei-me e fui receber a minha rosa.
Voltei ao meu lugar e falei a essa mulher: “Você não vai buscar
a sua rosa?”
“Fui casada. Sou viúva e nunca tive filhos.” Havia um traço de
tristeza na sua voz.
Então eu lhe respondi: “Você deve ter alguém na família ou nas
amizades, que ama como a um filho ou filha e é amada como mãe por
essa pessoa.”
Ela retrucou: “Sim. Tenho um sobrinho que é como um filho para
mim, e que me quer como a sua mãe.”
“Então vai lá buscar a sua rosa”.
Ela se levantou, pegou a sua rosa e voltou sorridente para o seu
lugar.
Terminou a cerimônia. Saí da igreja me despedindo dessa mãe
feliz.
Não perguntei o seu nome e nunca mais a vi. Mas me senti satisfeita
por ter proporcionado um momento tão especial para uma pessoa
desconhecida e carente de afeto.
Esta foi uma rica experiência que vivenciei num domingo - Dia das Mães - e que coloco aqui, numa homenagem às "mães do coração".
São aquelas que não tiveram filhos seus, nem os adotaram, mas sentiram e receberam o amor de Mãe, de alguém muito especial nas suas vidas. Dia das Mães - maio/2103.