Fantasma diurno, fantasma de luz contra o sol que se esvai, ressurge o Violeiro, saudoso dos prazeres dessa vidinha à-toa. Não traz correntes, mas gemidos. De pura preguiça e amor.
A amada? Casou faz tempo. Mas em tardes assim se arrepia, se tranca no quarto, solta os cabelos todos, põe camisola de seda, alisa as penas da passarinha e relembra o que já não há.
Dia seguinte, volta a amada aos trilhos e o Violeiro ao canto dos que assim se arrematam, espocando como cigarras ou ousando serenatas no terreno proibido que às vezes é o jardim de uma flor que já tem dono."
do livro: "Volições" de Yara Camillo - página 151 - Massao Ohno Editor - 2007.
(Volições: atos que determinam a vontade)
Participei de um Laboratório de Literatura no SESC Belenzinho - abril/maio/2012 com Yara Camillo sobre a semana de 22.
Considero este texto como poético. Uma poesia em prosa.
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