segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Minha memória Zona Leste segunda parte



O comércio na Vila Formosa nos anos 40

por Nazareth Peres
Era o pós guerra e nós tínhamos os cartões de racionamento para comprar o pão, o óleo.
Eu me lembro que morria de vontade de comer pão que era tão difícil de ser conseguido. Minha mãe o substituía por pipocas, mingaus, batatas doces e mandiocas cozidas que ela amassava com açúcar e um pouco de leite quente e  nós comíamos com gosto, mas com muita saudade do pão.
O comércio do bairro era pobre. Havia as “vendas”, pequenos armazéns de secos e molhados, como se dizia na época e onde se comprava quase tudo para a despensa de uma casa e mais o querosene para as lamparinas e lampiões da iluminação.
O carvão para o fogão era comprado do carvoeiro que passava com sua carroça e entregava de casa em casa, nos sacos de juta.
Passava também o verdureiro e o leiteiro atendendo à freguesia. Íamos de vez em quando às chácaras das redondezas para comprar frutas como o caqui, as peras, as laranjas.
Havia uma farmácia do Sr. Heitor. Ele e a mulher eram amigos dos meus pais desde outro bairro.  A farmácia era onde se fazia a maior parte do atendimento de saúde na região.
Só muito mais tarde começaram a aparecer as lojas, mercados maiores, casas de calçados, tecidos.
Mesmo dessa forma, tínhamos que ir à “cidade”, como dizíamos ir ao centro da cidade, ou  até os bairros do Belém e Tatuapé para compras diferenciadas.
 Começamos a frequentar a “igrejinha velha” como falávamos em 1946. Era numa garagem, reformada para a igreja, na atual Praça Dr. Sampaio Vidal.
Era a Paróquia de Nª Sª do Sagrado Coração, instalada em 13/11/1939, por Decreto do Bispo Dom José Gaspar, mesmo tendo chegado à Vila Formosa os primeiros padres e começado a funcionar em outubro de 1938.
Em 1945 já era Vigário o Padre Francisco Janssen, Missionário do Sagrado Coração, MSC. Ele foi vigário de Vila Formosa, entre 1941 e 1958. Faleceu aos 98 anos em 2011, na cidade de Campinas – SP.
Em 1946 fui preparada e fiz a 1a. Comunhão, ainda no antigo Santuário e nesta igreja adaptada fiz a 1ª Comunhão.
 Neste ano começou a construção do atual Santuário na confluência das Avenidas Renata e João XXIII.
O Pe. Francisco pedia aos fiéis na missa, para que colaborassem e montou uma grande rede de fiéis de todo o Brasil, pelo rádio, com a colaboração do Deputado Manoel Victor, que no seu programa religioso diário.


A Vila Formosa e eu

por Nazareth Peres
Minha história pessoal que se confunde com a história da Vila Formosa é mais ou menos esta:
Nasci em Itaboraí – RJ - no final do ano de 1938 e meus pais me trouxeram para São Paulo em 1939. Como muitos migrantes, viemos em busca de novas oportunidades.
Em 1945, nos mudamos para a Vila Formosa. Meu pai comprou um lote da Companhia Melhoramento do Brás, e com os tijolos que recebeu, começou a construção da nossa humilde casa. Foi a nossa primeira casa própria.
Em 1945, quando eu era ainda uma menina, a minha família se mudou para a Zona Leste.
Vivi a minha infância e adolescência na Vila Formosa e neste bairro vou fixar as minhas lembranças pessoais:
Fomos para um bairro em formação: Vila Formosa.
Vindos da Vila Formosa, era uma dificuldade chegar à cidade, como nos referíamos ao centro.
Havia um único ônibus que levava o povo até as imediações da Fábrica Santista, antigo prédio em que hoje está a administração do SESC.
Na Avenida Álvaro Ramos, perto da fábrica, em uma pequena praça, era de onde os bondes  partiam para ir em direção ao centro da cidade.
Chamávamos esta pracinha de o “balão” dos bondes, pois era de onde eles faziam o retorno em círculo, indo do bairro para o centro.
Mais ou menos entre 1946-47, o único ônibus da Vila Formosa atrasava muito e trazia muitos problemas à população.
Numa das ocorrências, o povo irado, queimou o coletivo que tinha seu ponto inicial na Praça Dr. Sampaio Vidal, no início da Avenida Dr. Eduardo Cocthing.
Qual a solução de emergência?
Foram adaptados caminhões com bancos fixados na carroceria e uma escadinha para se subir.
Eu mesma circulei várias vezes naqueles caminhões que nos deixavam no “balão” dos bondes.
Isto durou uns dois anos até que outros  ônibus para o atendimento da população.
Em  seguida a Viação Cometa, que fazia também  transportes urbanos naquela época, se instalou no bairro. E foi uma maravilha!
Agora vamos comparar os locais em diferentes épocas:image

Um dos antigos ônibus da Vila Formosa, na Av. Dr.Eduardo Cocthing, perto da Praça Dr. Sampaio Vidal.- (foto de acervo pessoal, tirada pela minha tia Lúcia, numa das visitas em que ela nos fez, vinda de Itaboraí- RJ - minha terra natal).
Na foto em seguida, vejam como está hoje este local em foto encontrada no Google Street View em julho de 2013.


Foto retirada do Google Street View, em julho de 2013. Praça Dr. Sampaio Vidal.


Minha mãe, Diva, alimentando as aves do quintal e a nossa casa em 1948 - (foto de acervo pessoal)

Não havia energia elétrica, nem serviços de água ou esgoto.
Usávamos água do poço cavado, e a “casinha” com fossa negra no fundo do quintal.





Em 1946 fui para o 1º ano primário. Era num salão alugado na praça Dr. Sampaio Vidal, com divisórias, formando duas salas de aula.

Durante a semana funcionava o Grupo escola Orville Derby, e aos domingos, aconteciam as “domingueiras”; os bailinhos em que a moçada da Vila se divertia.



E a escola se chamava, já naquela época: Grupo Escolar Orville Derby. Hoje está num prédio próprio na praça Skal.
No decorrer dos anos 40/50, quando havia um aniversário, os donos da casa a abriam para os bailinhos com a vizinhança. Era uma forma também, de vida social.

No ano seguinte, cortando os córregos limpos, íamos a escola na Vila Santa Isabel, numa casa adaptada. Encontrávamos uma amiguinha, de família mais abastada. Então, os nossos uniformes escolares, feitos de sacos de algodão e tingidos com tinta Guarany, destoavam do uniforme dessa amiga. (foto de acervo pessoal de 1947)





Sempre muito sisudas nas fotografias antigas! Eu, minha irmã, mais três amigas. E vamos para a escola em outro bairro. Andávamos bastante!
Na gravata da menina à direita, o detalhe das três listras brancas, indicando que estávamos no terceiro ano do ensino primário. Nós, as mais pobres, nem tínhamos as gravatas. A primeira à esquerda sou eu.

Agora vamos comparar fotos de diferentes épocas:


Pose entre amiguinhos - 1949 - num terreno perto confluência entre as atuais Avenidas Dedo de Deus,Trumain e Rua Filhas de Nª Sª do S.Coração, na Vila Formosa. Nestas avenidas corriam regatos que eram atravessados por pinguelas. Ao fundo, a divisa entre a Vila Formosa e a Vila Santa Isabel - (foto de acervo pessoal)



À direita da atual Praça Libéria, trecho da Avenida Dedo de Deus, onde fomos fotografados no final dos anos 40 - (foto Street View - julho/2013).


Parque Ecológico do Tiête e eu

por Julia Marasco
Costumo fazer caminhadas neste parque. Lá podemos manter contato com alguns animais silvestres como: quatis, capivaras, macacos, queixadas e outros. É uma variedade de entretenimento.

Vejam estas belas imagens:
        
Foto de arquivo pessoal



Essa é a parte de exercícios. Fotos de arquivos pessoal
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Essa menina é muito linda, minha vizinha. Foto de arquivo pessoal.
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imageOlhem os quatis que lindinhos!


Escolas que eu conheci

por Julia Marasco

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Imagem do CEU Quinta do Sol, capturada no Google Street View em 18 de julho de 2013

Moro próximo  ao CEU Quinta do Sol… que vejo como uma ótima obra para educação e cultura em meu bairro.

Não é na Zona Leste, mas não deixar de falar que estudei na Escola Liceu Siqueira Campos, que fica na rua Lavapés, no bairro do Cambuci. Lá tive muitas recordações e fiz muitas amizades. Cursei o 1º grau nesta escola. É uma pena… o prédio era tão bonito! E agora está tão abandonado, inclusive está a venda, estou pensando até comprar, rsrsrs.

Antigo Liceu Siqueira Campos. Imagem capturada no Google Street View em 18 de julho de 2013

No 2º grau estudei no Colegio São Carlos do Ipiranga, foi muito bom. Ficava bem perto de casa.


Padarias da Ponte Rasa e região

por Julia Marasco
Frequento muito a Padaria Requinte que fica na Rua Amador Bueno da Veiga, na Penha. Lá podemos encontrar muitas coisas deliciosas. São vendidos pães recheados com frango e catupiri, à calabresa, muito bons!
Foto da Padaria Requinte retirada do site: www.omelhordazonaleste.com.br

Também frequento a padaria da rua Paranaguá. Muito boa! Encontramos torta de morango, bolos de todos tipos: indiano, de fubá, de milho, e etc. Muitos salgados, frango assado, costela e cupim recheado.
A mais perto da minha casa é a Padaria Lucidinha que fica Rua Buturussu, lá eu sempre compro pães, queijo e presuntos para tomar no meu café da manhã.
Outra padaria com produtos muito gostosos é a Agua Viva. Fica localizada na Rua Amador Bueno da Veiga, lá encontramos excelentes pizzas.

Alem  de  ótimas  padarias e comércios diversos a facilidade de transporte público é muito boa,  com  avenidas próximas com bom fluxo de ônibus para metrô e todo canto da cidade.


Eu e a Ponte Rasa

Por Julia Marasco

Morei muito tempo no Bairro do Ipiranga. Depois que me casei, como meu marido trabalhava no Cartório de Guaianases, fui morar na Ponte Rasa para ficar mais perto do serviço dele.  Acostumei bastante também nesse Bairro, onde estou até hoje. Veja abaixo uma foto da minha rua.
Imagem capturada no Google Street View em 18 de julho de 2013

É uma região farta em comércio, onde aprecio muito as padarias das proximidades da Ponte Rasa.


O SESC Belenzinho e eu

por Nazareth Peres
Nos anos 90 o SESC Belenzinho se instalou neste prédio durante algum tempo. Depois ficou fechado mais um tempão, até serem inauguradas as suas novas e belas instalações.
Eu me sinto muito bem em frequentar o SESC Belenzinho! Já o frequentava quando o seu funcionamento era no prédio da antiga fábrica Santista da Av. Alvaro Ramos. Depois ficou fechado para a construção das novas instalações que foram inauguradas em 2010.
Compareci à inauguração e regularmente, uso a Internet e suas oficinas e também os Laboratórios de Escritas e Poéticas, mais a Estante Viva e a Biblioteca que adoro!
Seu espaço amplo e bem distribuído, com muitos ambientes sempre acolhedores, que me fazem bem.
Eu me lembro da rua Belém, onde passava o bonde para ir e voltar da cidade, nos anos 40-50. Os pontos de ônibus para a Vila Formosa ficavam nesta época no Largo São José do Belém.
Havia na rua Belém uma fábrica de Bolachas Dunga. O aroma das bolachas sendo assadas invadiam o ar e sempre parávamos para comprar sacos de bolachas quebradas que eram vendidas mais barato. Saudade!


Ipê amarelo iluminado e em plena floração, na entrada do SESC Belenzinho - (foto de acervo pessoal de 2012)









Sesc Belenzinho - (foto wikipedia)



Casarão em ruínas na Vila Maria Zélia, no Belenzinho - (foto tirada por mim, de acervo pessoal em março/2010)
A Vila Maria Zélia construída em 1917 por Jorge Luís Street para abrigar os operários da sua fábrica.
Foi a primeira vila operária do Brasil. Atualmente há moradores em casas reformadas, e muitas casas em ruínas históricas
Os bairros da Mooca e do Belenzinho, atualmente são considerados como da Região Sudeste.

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Igreja de São José do Belém - (foto copiada do Facebook)
Para conhecer mais o Bairro - Ver o livro: “Belenzinho - 1910- Retrato de uma Época” de Jacob Penteado.
SESC Belenzinho: - (foto wikipedia)


Bairro Belenzinho no distrito do Belém

por Nazareth Peres

Em 1889 foi criado o 10º cartório do Registro Civil dando origem ao bairro do Belém.

(Foto minha, tirada da sala da Internet do SESC Belenzinho – Foto de acervo pessoal - 2012)
O bairro Belenzinho é popularmente conhecido como Belém. Pertence ao Distrito do Belém. Mesmo porque os coletivos que o têm por destino, traz a inscrição, simplesmente:  Belém.
Nesta foto atual, vista do bairro do Tatuapé, a ponte estaiada Dom Luciano Mendes de Almeida sobre a Avenida Salim Farah Maluf, parte do Cemitério da 4ª Parada e ao fundo o Shopping Metrô Tatuapé.


Foto atual  da Fábrica Goodyear - Belenzinho (Foto: Wikipedia)




Na foto ao fundo a fábrica Goodyear do Brasil – fábrica de pneus, instalada no Belenzinho em1939. Fica na Rua dos Prazeres, 284. (Foto tirada tirada por mim, em março de 2010, no interior da Vila Maria Zélia - Acervo pessoal)


Uma visão da Zona Leste, a partir da Mooca

por Nazareth Peres
O Bairro da Mooca na cidade de São Paulo era chamado “O Portal da Zona Leste”. Tradicional pelos imigrantes, principalmente italianos, que o povoaram e aí fundaram várias indústrias.
A Mooca tem a fama de conservar o sotaque italiano: “Sou da Mooca, ô meu!”
O bairro foi fundado em 17/8/1556, e é um dos mais antigos de São Paulo.

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Este Monumento foi criado para a comemoração dos 450 anos da fundação do bairro. Esta localizado na pracinha entre a Rua da Mooca e Avenida Paes de Barros.

Morei na Mooca quando era criança, e não tenho lembranças daquela época. Hoje é um bairro que frequento pelo seu comércio, e para visitar familiares que aí moram.

Igreja de San Gennaro ( São Januário) na Rua da Mooca. Fonte: www.flickr.com
Na Rua da Mooca está a Igreja de San Gennaro, (São Januário) em que se realiza, uma vez por ano, na comemoração do Santo, uma grande festa com muitos comes, muita comida italiana. É uma festa bem concorrida e tradicional.
Já fui a esta igreja, mas, por incrível que pareça, ainda não compareci a uma das festas de San Gennaro. Preciso ir!


Sobrado da rua da Mooca – (fotos wikipedia)
 A Zona Leste se estendia desde a Mooca até os confins de São Miguel Paulista, Cidade Tiradentes, fazendo limites com as cidades de Santo André, São Caetano do Sul, Ribeirão Pires.
Na nova divisão feita pela Prefeitura de São Paulo, Mooca, Belenzinho, Vila Prudente, são descritos como Zona Sudeste.
Podemos citar alguns bairros:

Água Rasa, Vila Santa Clara, Vila Diva,  Tatuapé,  Vila Formosa, Vila Olinda,  Vila Santa Isabel, Ponte Rasa, Vila Prudente, Mooca, Belém (Belenzinho), Vila Guarani, Jardim Grimaldi, Sapopemba,  Vila Matilde,  Vila Carrão,  São Miguel Paulista, Penha e Itaquera.
Nossa Memória vai se remeter aos bairros:
Mooca, Belenzinho (Belém), Vila Formosa, Vila Olinda e Ponte Rasa.



Um comentário:

  1. Não consegui passar as fotos desta segunda parte. Depois que pedir ajuda da Sala de Cultura Digital do SESC Belenzinho, atualizo as fotos.
    Aguardem!
    E me desculpem.
    Vejam a Primeira parte que ficou completa.

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