sexta-feira, 23 de maio de 2014

Questão de Fé

                                               QUESTÃO DE FÉ

            Eu me encontrava na frente do santuário do bairro em que morei e que frequento desde os meus tempos de menina, lá na Vila Formosa.
            Muitas pessoas circulavam por ali e havia um ar festivo no local.
            Entrei na igreja lotada e fui até a imagem de Nossa Senhora do Sagrado Coração.
         Ela estava colocada à esquerda de quem entra, no presbitério e era a imagem original, com dois metros e trinta de altura entalhada em madeira, como já esteve há muitos anos, numa das concorridas festas religiosas, bem perto do povo e não lá no alto como sempre está.
 Só uma vez essa imagem foi retirada  do seu pedestal no centro do altar-mor e colocada de volta,  donde não mais saiu.
            Eu via os devotos em oração ajoelhados  aos seus pés. As demais pessoas estavam sentadas nos bancos ou de pé, nos corredores, aguardando o início da cerimônia.
            Subi ao altar, passando por trás de Nossa Senhora. Ninguém estranhou ou reagiu à minha presença.
            Com  a minha mão esquerda, rocei de leve o seu finíssimo manto azul, sentindo a sua textura.
         Nossa Senhora voltou-se para mim e estendeu-me a sua mão direita, a que segura o coração do Menino Jesus.
           Percebi que só eu via Nossa Senhora se inclinando para eu alcançar a sua mão, que ela havia soltado do coração do seu filho, sentado no seu braço esquerdo.
            Na imagem, com o indicador da mão direita o Menino aponta para ela.
            O significado deste gesto, segundo os criadores dessa representação, é que a mãe segura o coração do filho e este indica Maria como nossa intercessora.
            Todas essas informações passaram pela minha lembrança, no instante em que toquei a ponta dos dedos da imagem.
            Ela era de verdade. Uma pessoa real.
            Nossa Senhora tinha o rosto sereno e bonito, como é na sua representação  por mim tão conhecida.
        Falou-me baixinho movendo os lábios vagarosamente: “Você terá todos os seus problemas resolvidos”.
            Tive a certeza de que uma das minhas mais constantes súplicas seria atendida.
            Em seguida, Nossa Senhora sorriu para mim e piscou levemente o olho direito, como em cumplicidade.
            Pensei: “Meu segundo pedido também terá atendimento, e tem a ver com um dos meus genros”. Por quê? Não me ocorreu o motivo.
            Ela voltou-se para a sua posição original. Ninguém mais percebeu o que o que havia ocorrido. Só eu vi. Saí do santuário  tranquila e feliz. Quanta paz no coração!
            Decidi: “Vou voltar para a minha casa”. Sabia que a família com certeza, iria duvidar e discutir o acontecimento miraculoso que eu relataria.
            Ainda no adro da igreja, como já fiz muitas vezes no Santuário da Vila Formosa, parei e olhei para trás vendo a multidão que circulava por ali.
            Abri os olhos e acordei. Eram seis horas da manhã e eu estava em minha cama, no meu quarto.
            Foi um sonho tão cheio de significado e tranquilizador, que não será esquecido.
            Quem explica?
            Questão de Fé!

           

            

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