sábado, 5 de agosto de 2017

Retratos de Família




RETRATOS DA FAMÍLIA

(Nazarina – maio 2008 – lembranças)

                O que consola uma mãe a morte de um filho?
                Falecido em acidente, ficando a esposa com duas filhas pequenas, que foram criadas pela mãe e avó materna das meninas.
                A outra avó, longe das crianças, marido e um filho trabalhando, se viu sozinha com a saudade e a dor da morte do filho.
                A família é grande, mas cunhadas, irmãs, cada qual tem seus compromissos...
                Na hora do “vamos ver”, como se diz, essa mãe pede a Nossa Senhora das Dores que dê a ela coragem para ver o filho morto.
                Ela disse que dizia à Nossa  Senhora: “ Oh! mãe, tiveste coragem de ver seu Filho morto na cruz, me ajuda a ver o meu...”
                Amigos procuram ajudar, consolando com palavras de ânimo, livros...
                Mas, após uns meses eu estava na casa dessa mãe e ela parecia bem, tranquila, calma, quando ela pediu para eu ir lá em cima (a casa é um sobrado).
                Subimos juntas a escadas e quando vi, estávamos quarto dos filhos.
                Para mim, foi como se eu entrasse num santuário, coração respeitoso, sem voz, sem palavras.
Quando vi em cima da estante onde o filho guardava seus pertences.
Pois é, lá estava um terço branco, terço que na época todo mundo tinha. Era comum serem distribuídos nas paróquias, mais um folheto com os mistérios do terço, aquele que tem a Mãe Aparecida, também comum a todos nós.
Mas, um detalhe: esse folheto era todo “puído”, gasto de tanto manuseio e uso constante.
Foi aí que, em silêncio e emocionada, eu entendi de onde vinha a força para essa mãe preencher
a ausência do filho... Amém!
                Me emociono muito ao lembrar-me disto. Ela é uma pessoa “tão simples e humilde que Deus se revela...” superar o sofrimento com a oração.
                Hoje em dia ela está muito feliz com o nascimento do bisneto, que é neto desse filho falecido.
                Ela esses dias, fez uma cirurgia na pele do rosto, e a enfermeira para que ela relaxasse falou: “ Pense numa coisa boa, por exemplo, no Giannechini”
                Ela falou: “O que?”
                Aí eu disse à enfermeira: “ Pergunte a ela sobre o bisneto.”
                Então ela começou a relaxar para a medida da pressão arterial e pensando no bisneto – João - ficou tranquila e disse: “ É a coisa mais linda do mundo, meu Pai do céu!” Amém!
                Esses dias ela me falou que é a Fé que a faz viver na situação que está vivendo, agora sozinha, porque ficou viúva.
                “ Se acha que eu ia conseguir ficar sozinha? É a Fé!” Amém.



                 Campanha da Fraternidade?

                Uma menina em idade escolar  procura falar com um senhor, o qual ela sabia que ia à Igreja com frequência.  E falou:
                “O senhor pode me ajudar a fazer o meu trabalho de escola? É sobre a Campanha da Fraternidade”
                Respondeu o senhor: “...olha, minha filha, (como todo bom carioca, chama as crianças de filhos e filhas). Você vai lá na secretaria da igreja e pergunta para a moça que ela te explica. Eu não sei, não”
                Comentários:
                Esse senhor vivia a fraternidade constantemente, sem necessidade de campanhas.
                Ele era Vicentino da Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Vila Formosa.
                Todos os anos ele pedia ao padre para rezar uma missa em ação de graças.
                A última que eu me lembro, foi aos 32 anos de dedicação aos Vicentinos, na Conferência  São Francisco Xavier, a alegria dele por mais um ano Vicentino.
                Quando íamos visitá-lo em sua casa, a porta da entrada mal se abria.
                Quando você entrava, no espaço que a porta entreaberta lhe permitia, ele dizia: “É isso. (e apontava por detrás da porta). Essa cama aí, estou esperando o Negri com a Kombi para levarmos a um velho...Coitado do velho. Tem quatro filhos, e não tem cama...”
                Ou, então, atrás da porta, tinha um saco com roupas usadas para o bazar dos Vicentinos.
                Era uma venda de roupas principalmente a preço bem baratinho.
                Ele dizia que tinha uma senhora que vinha cedinho ao bazar e levava sempre as peças melhores, para “revender” para as amigas dela.
                Para quem vive a fraternidade com a “mão na massa”, não “abstrata”, sabe que não há necessidade de campanhas para quem quiser ajudar. É do coração a ação. É a “caridade com sabor de céu” (Frei Xavier).
                A vida é doação, é fraternidade dentro da própria casa mesmo.Não há necessidade de alardes, campanhas, lembretes. Quem quer ama o próximo e Deus nele.
                Felizes os que doam em creches, instituições, orfanatos, asilos, escolas, e são sinal de vida, principalmente às crianças.
                “Sua misericórdia se estende de geração em geração...Ele eleva os humildes e sacia de bens os famintos...” (Lc 1,50,52,53).
                Maria rejubilou porque os outros iriam passar bem. Ela pensou na felicidade dos outros. Sua alegria 
abrange o mundo inteiro, pois estava próxima da Redenção da Humanidade, e ensinou como ser redimido...
Amém!
                O “Magnificat” é citado na novena da Mãe Peregrina, no quarto dia, assim como esse comentário também.
                “Mãe, ensina-nos a viver como escolhidos...”
                (Este senhor Vicentino de quem se fala é nosso pai - Oswaldo Ayres Maldonado. Descanse  em Paz!) 
                 
Textos da minha irmã Nazarina Lemos Maldonado Peres a partir de suas observações de fatos familiares.


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