RETRATOS
DA FAMÍLIA
(Nazarina
– maio 2008 – lembranças)
O que consola uma mãe a morte de
um filho?
Falecido em acidente, ficando a
esposa com duas filhas pequenas, que foram criadas pela mãe e avó materna das
meninas.
A outra avó, longe das crianças,
marido e um filho trabalhando, se viu sozinha com a saudade e a dor da morte do
filho.
A família é grande, mas
cunhadas, irmãs, cada qual tem seus compromissos...
Na hora do “vamos ver”, como se
diz, essa mãe pede a Nossa Senhora das Dores que dê a ela coragem para ver o
filho morto.
Ela disse que dizia à Nossa Senhora: “ Oh! mãe, tiveste coragem de ver
seu Filho morto na cruz, me ajuda a ver o meu...”
Amigos procuram ajudar,
consolando com palavras de ânimo, livros...
Mas, após uns meses eu estava na
casa dessa mãe e ela parecia bem, tranquila, calma, quando ela pediu para eu ir
lá em cima (a casa é um sobrado).
Subimos juntas a escadas e
quando vi, estávamos quarto dos filhos.
Para mim, foi como se eu
entrasse num santuário, coração respeitoso, sem voz, sem palavras.
Quando vi em cima da estante onde o filho guardava
seus pertences.
Pois é, lá estava um terço branco, terço que na
época todo mundo tinha. Era comum serem distribuídos nas paróquias, mais um
folheto com os mistérios do terço, aquele que tem a Mãe Aparecida, também comum
a todos nós.
Mas, um detalhe: esse folheto era todo “puído”,
gasto de tanto manuseio e uso constante.
Foi aí que, em silêncio e emocionada, eu entendi de
onde vinha a força para essa mãe preencher
a
ausência do filho... Amém!
Me emociono muito ao lembrar-me
disto. Ela é uma pessoa “tão simples e humilde que Deus se revela...” superar o
sofrimento com a oração.
Hoje em dia ela está muito feliz
com o nascimento do bisneto, que é neto desse filho falecido.
Ela esses dias, fez uma cirurgia
na pele do rosto, e a enfermeira para que ela relaxasse falou: “ Pense numa
coisa boa, por exemplo, no Giannechini”
Ela falou: “O que?”
Aí eu disse à enfermeira: “
Pergunte a ela sobre o bisneto.”
Então ela começou a relaxar para
a medida da pressão arterial e pensando no bisneto – João - ficou tranquila e
disse: “ É a coisa mais linda do mundo, meu Pai do céu!” Amém!
Esses dias ela me falou que é a
Fé que a faz viver na situação que está vivendo, agora sozinha, porque ficou
viúva.
“ Se acha que eu ia conseguir
ficar sozinha? É a Fé!” Amém.
Campanha da Fraternidade?
Uma menina em idade escolar procura falar com um senhor, o qual ela sabia
que ia à Igreja com frequência. E falou:
“O senhor pode me ajudar a fazer
o meu trabalho de escola? É sobre a Campanha da Fraternidade”
Respondeu o senhor: “...olha,
minha filha, (como todo bom carioca, chama as crianças de filhos e filhas).
Você vai lá na secretaria da igreja e pergunta para a moça que ela te explica.
Eu não sei, não”
Comentários:
Esse senhor vivia a fraternidade
constantemente, sem necessidade de
campanhas.
Ele era Vicentino da Paróquia
Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Vila Formosa.
Todos os anos ele pedia ao padre
para rezar uma missa em ação de graças.
A última que eu me lembro, foi
aos 32 anos de dedicação aos Vicentinos, na Conferência São Francisco Xavier, a alegria dele por mais
um ano Vicentino.
Quando íamos visitá-lo em sua
casa, a porta da entrada mal se abria.
Quando você entrava, no espaço
que a porta entreaberta lhe permitia, ele dizia: “É isso. (e apontava por
detrás da porta). Essa cama aí, estou esperando o Negri com a Kombi para
levarmos a um velho...Coitado do velho. Tem quatro filhos, e não tem cama...”
Ou, então, atrás da porta, tinha
um saco com roupas usadas para o bazar dos Vicentinos.
Era uma venda de roupas
principalmente a preço bem baratinho.
Ele dizia que tinha uma senhora
que vinha cedinho ao bazar e levava sempre as peças melhores, para “revender”
para as amigas dela.
Para quem vive a fraternidade
com a “mão na massa”, não “abstrata”, sabe que não há necessidade de campanhas
para quem quiser ajudar. É do coração a ação. É a “caridade com sabor de céu”
(Frei Xavier).
A vida é doação, é fraternidade
dentro da própria casa mesmo.Não há necessidade de alardes, campanhas,
lembretes. Quem quer ama o próximo e Deus nele.
Felizes os que doam em creches,
instituições, orfanatos, asilos, escolas, e são sinal de vida, principalmente
às crianças.
“Sua misericórdia se estende de
geração em geração...Ele eleva os humildes e sacia de bens os famintos...” (Lc
1,50,52,53).
Maria rejubilou porque os outros
iriam passar bem. Ela pensou na felicidade dos outros. Sua alegria
abrange
o mundo inteiro, pois estava próxima da Redenção da Humanidade, e ensinou como
ser redimido...
Amém!
O “Magnificat” é citado na
novena da Mãe Peregrina, no quarto dia, assim como esse comentário também.
“Mãe, ensina-nos a viver como
escolhidos...”
(Este senhor Vicentino de quem
se fala é nosso pai - Oswaldo Ayres Maldonado. Descanse em Paz!)
Textos da minha irmã Nazarina Lemos Maldonado Peres a partir de suas observações de fatos familiares.
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