quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mãos Diferentes

Muitas palavras podemos dizer sobre as mãos.
Há mãos que afagam e que machucam.
Mãos que doam e mãos que tiram.
Há as sedosas e as calosas.
As bem cuidadas e as maltratadas pelo trabalho ou pelo tempo.
As escorregadias que percebemos como que de pessoas falsas.
As suadas, que para nós são desconfortáveis se as tocamos.
Mãos de idoso que o filho fotografou, refletindo que na infância teve muito
medo delas, e que agora são inofensivas.
Mãos do tetraplégico, que nos acanhamos em tocar, porque não podem
corresponder ao nosso toque.
Mãos que ignoram a mão estendida para o cumprimento, ou que somos obrigados,
pela circunstância, a tocar contra a nossa vontade.
Mãos frias ou quentes transmitindo emoções humanas,
que só nós, humanos, podemos sentir ou descrever.
As benditas mãos do cirurgião, que um dia pedi a Deus que as abençoassem,
num agradecimento pessoal, e que o médico à minha frente,
olhou para as suas próprias mãos,
como se nunca tivesse pensado nessa bênção.
E esse gesto, jamais esqueci.

Nazareth Peres

Texto proposto na Oficina: Laboratório de Escrita e Poéticas. A hora do Conto.
SESC Belenzinho - maio/2011 - Orientador: João Anzanello Carrascozza.

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