quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Oficina Minha Memória


              APRESENTAÇÃO   -   MINHA MEMÓRIA ESCRITA E ILUSTRADA


Estou apresentando o colega Francisco Arlindo Alves.
Ele tem 39 anos, mora no Parque do Carmo, em São Paulo.
É designer e trabalha no SESC Belenzinho.
Em 09/08/2011.
Meu nome é Nazareth Peres



 ORIGEM:

(palavras chave):

nascimento - sítio - batizado - pais - padrinhos - avós - tios - primos - viagem -  cidade

Nasci em Itaboraí -  em 1938, no RJ. Era um vilarejo chamado Venda das Pedras, perto do sítio Mutuapira.
Esse sítio era dos meus tios  que foram tutores da minha mãe.
Não conheci nenhum dos meus quatro avós. Eles morreram antes dos meus pais se
casarem.
Aos três meses fui batizada na igrejinha da vila.
Meus padrinhos foram um casal de irmãos, Maria e José. Ele eram amigos da minha mãe. O padrinho, vi um só vez. E a madrinha, nunca vi.
Meus pais resolveram vir para São Paulo logo após o meu batizado. Só voltei à minha cidade aos 25 anos. Lá ficaram tios e primos que só de vez em quando nos visitavam.
Meus irmãos nasceram em São Paulo: Uma irmã, dois anos mais nova que eu e o irmão, quando eu tinha 16 anos.


Sítio Mutuapira da Tia Lúcia e tio Eugênio, perto de Venda das Pedras - Itaboraí - RJ,onde eu nasci em 1938. Nos morros, o laranjal dos tios, seu sustento, sua riqueza.
.

Casa da Tia Lúcia e Tio Eugênio no sítio Mutuapira - perto de Venda Das Pedras -
Itaboraí - RJ.  Na placa em cima da janela está escrito: ”LAR DE LÚCIA - 1941”
A casa continua a mesma. Nela moram uma das primas e seu filho.


MAPA de Itaboraí - RJ - retirado do site:http://www.cidades.com.br/cidade/itaborai/003212.html

Localização de Itaboraí no mapa do Estado do Rio de Janeiro.
O nome indígena Itaborai, significa: PEDRA BONITA ESCONDIDA NA ÁGUA.
Fundação da cidade: 1696.
Data comemorativa da cidade: 22 de maio.
Emancipação:  há 178 anos.
Itaboraiense ilustre: JOAQUIM MANUEL DE MACEDO  escritor do romance: “A MORENINHA”.
O padroeiro da cidade é São João Batista.
Itaboraí produz cerâmica, entre outras indústrias.
Meu avô materno Francisco com seu irmão Joaquim, tinha uma olaria no início do século XX.
Eles produziam telhas e tijolos e vasos ornamentais.
Itaboraí também foi a terra da laranja. Meus tios Lúcia e Eugênio viveram da plantação no enorme laranjal em Mutuapira.

A cidade de Itaboraí - RJ, no ano de 2011, está muito diferente da que era no ano em que nasci.
Há muitos prédios na zona urbana e na zona rural, muitos sítios foram loteados e se tornaram bairros.
Em Itaboraí está sendo implantado o Complexo Petroquímico.



CAUSOS  E TRAVESSURAS

Quando éramos crianças, morávamos na Vila Formosa (1945). Era um loteamento novo.
Íamos com meu pai, buscar varetas dos arbustos ao redor, para cercar nosso terreno que tinha 12m por 50m.
A cerca era com arame farpado e nela eram amarrados com cipós, as varetas. Uma cerca muito diferente.
Em 1949 foi inaugurado o cemitério da Vila Formosa. Enquanto era construído, íamos brincar de escorregador, nos enormes montes de terra que as máquinas de terraplanagem formavam.
Era emocionante, despencar lá do alto! Ficávamos imundas de terra vermelha. Mas era tão bom! Parecia uma montanha russa.


Minha irmã Nazarina aos três anos e eu, aos cinco anos.
Uma pose bem estudada num estúdio fotográfico. Que chique!



BRINCADEIRAS

            Brincávamos nos quintais, de casinha com as bonecas. Na rua, brincávamos de roda e de pular corda. Eu gostava de brincar de escolinha, em que eu era sempre a professora, porque era a mais velha da turma.


Na brincadeira de pular corda, fazíamos o  “SALADA, SALADINHA”:
            Uma criança pulava, enquanto duas “batiam” a corda. O grupo ficava esperando sua vez, e cantava:
“Salada, saladinha,
bem temperadinha.
Vinagre, azeite e sal”.

Depois se começa a contagem de 1 - 2 - 3 - 4- …..até 100, ou até a criança errar ou cansar.
Na contagem, a batida da corda é acelerada.
Quando a criança erra, sai da corda, dando vez a outra.

Na brincadeira SOZINHA, a criança pula ela mesmo batendo a corda e não tem tempo para terminar. É uma brincadeira isolada. (O desenho fiz no paint brush com a ajuda do Gustavo).
            Em 2010, comecei inspirada e fiz para os meus netos uns versos falando das minhas brincadeiras:

                                  
                                             BRINCADEIRAS
          I                                                                           II

Velho balanço da infância,                                        Pular a corda e rodar,
Singelo e simples brinquedo.                                    Nas brincadeiras de rua.
Quanta alegria me deste                                          Adultos a conversar,
À sombra do arvoredo.                                             Por vezes, à luz da lua.



                 III                                                                             IV

À vizinhança, juntar-se,                                             Brincadeiras inocentes,
As crianças vão brincando.                                       Que não mais se reconhecem,
Das tradições, relembrar-se,                                     Hoje não estão presentes,
E o tempo vai passando...                                         E nunca mais acontecem!

                                              
                                           FESTAS INFANTÍS

                  I                                                                               II

Batizados de bonecas,                                               Às bonecas dar um nome,
Ó que linda tradição!                                                 Escolhido com carinho,
Juntar-se aos amiguinhos,                                          Na festa aplacar a fome,
Para a celebração.                                                     Com um gostoso bolinho.

       III

A limonada e os doces,
Mães vão providenciar,
E alegres, essas crianças,
Passam a tarde a brincar!                                      
           


Como não tenho uma foto boa, minha com boneca, coloco aqui essa foto do Natal de 1969:
Minha mãe Diva, minhas filhas Terezinha e Ana Lúcia, meu sobrinho Edson e meu filho Henrique e os brinquedos que eles ganharam nesse dia. Não são lindos, todos eles?


CANTIGAS DE RODA INFANTIL - CIRANDAS.

As cantigas de roda brasileiras, têm origem europeia e se tornaram folclóricas, de autoria anônima, e constantemente modificadas. São chamadas também de cirandas.

CAPELINHA DE MELÂO
Capelinha de melão
É de São João.
é de cravo, é de rosa,
É de manjericão.

São João está dormindo,
Não acorde não!
Acordai, acordai,
Acordai, João!


A CANOA VIROU
A canoa virou,
Por deixá-la virar.
Foi por causa de fulana,
Que não soube remar.

Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar,
Eu tirava a fulana
Do fundo do mar.

Siriri prá cá,
Siriri prá lá
Fulana é bela
E quer quer casar.


COMIDAS E RECEITAS

                                   GALINHA AO MOLHO PARDO

Na minha infância as comidas eram caseiras de verdade:
Arroz, feijão, legumes, verduras. As carnes, na maioria das vezes eram de frangos, galinhas, ou galo. Minha mãe criava as aves no quintal e depois as abatia para nosso consumo.
           
Para abater as aves, podemos considerar hoje em dia, o método era, talvez, cruel. A galinha escolhida, era presa pelas asas e os pés, nos pés da minha mãe que estava sentada num banquinho baixo.
           
Ela depenava o pescoço da ave, segurando sua cabeça. Então era cortado o pescoço da galinha. O sangue que jorrava era recolhido numa xícara com vinagre para não coagular. Depois de morta, a galinha era depenada em água fervente. Totalmente limpa e cortada em pedaços, era cozida. O sangue era misturado na panela, depois do cozimento.

Esta é a receita da GALINHA AO MOLHO PARDO.

A galinha  fica de cor marrom pelo sangue que é colocado e um tempo cozido junto.
É uma delícia!
Só que hoje em dia, ninguém mais mata galinha assim e recolhe seu sangue para fazer esse prato saboroso.

SOBREMESAS

BANANA COZIDA
           
Duas bananas nanicas muito bem lavadas. Elas não podem estar totalmente maduras.
Devem ter os cabos inteiros. Não pode ser despencada.
São colocadas numa panela, com água que as cobre totalmente.
Cozinha-se nessa água por uns minutos, até as cascas se romperem.
Escorre-se a água, colocam-se as bananas descascadas num prato.
Amassar com um garfo, colocar açúcar e canela em pó e comer ainda quente.
Essa receita dá para fazer e é muito boa mesmo!

Hum!!!
DITOS POPULARES

Os ditos populares nos ensinam a sabedoria popular que vem  se passando, oralmente, para as gerações mais novas:

“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”: Se você atinge uma pessoa e a prejudica, da mesma forma, será atingido.

“Olho por olho,  dente por dente”: Esse é muito antigo. Já nos Evangelhos, Jesus ensinou que os antigos falavam assim, mas Ele determinou que façamos o bem a qume nos faz o mal.

“Formiga quando quer se perder, cria asa”: Se você se arrisca onde não deve, vai ter dificuldades e se sairá mal, com certeza.

“Anda com os bons e serás um deles”: Você deve escolher sempre a boas companhias, para não errar.




MÚSICAS DO RÁDIO OUVIDAS NA INFÂNCIA


            AVE MARIA NO MORRO
            De Herivelto Martins - gravação de Dalva de Oliviera - 1942

Barracão de zinco sem telhado,
Sem pintura, lá no morro.
Barracão é bangalô.
Lá não existe felicidade de arranhacéu,
Pois quem mora lá no morro
Já vive pertinho do céu.

Tem alvorada, tem passarada
Ao alvorecer.
Sinfonia de pardais,
Anunciando o anoitecer.

E o morro inteiro, no fim do dia,
Reza uma prece: Ave Maria!

Minha mãe tinha a voz linda e gostava de cantar essa música. Depois eu cantei muito, também






 NORMALISTA

 de Benedito Lacerda e David Nasser
Gravação de Nelson Gonçalves - 1949

Vestida de azul e branco
Trazendo o sorriso franco,
No rostinho encantador.
Minha linda normalista,
Rapidamente conquista,
Meu coração sem amor.

Eu que trazia fechado
Dentro do peito guardado,
Um coração sofredor.
Estou bastante inclinado
A entregá-lo ao cuidado
Daquele brotinho em flor.

Mas a normalista linda,
Não pode casar ainda.
Só depois de se formar.
Eu estou apaixonado
O pai da moça é zangado,
E o remédio é esperar.



Eu me formei normalista em 1959 e essa musica ainda fazia sucesso.
Minha mãe e minha irmã, cantavam para brincar comigo, que esperei a formatura para me casar em 25/01/1960 com o Ramon, o primeiro namorado.
A normalista era a que se formava professora primária. Dava aulas de 1ª a 4ª séries, para os alunos entre sete e onze anos.



Oficina Internet Belenzinho com Francisco Arlindo Alves e João Cotrim em 2011.
"Oficina Minha Memória Escrita e Ilustrada"






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